Contudo alguns ritos adquiridos pelo homem só passam a ter valor quando é a expressão autêntica do amor, doado ao Criador. Os Judeus tinham o hábito de imolarem animais em holocausto a Deus, um rito aparentemente desnecessário, mas que não foi censurado por Jesus, já que esse era o costume daquele povo. Mas reinterou que ninguém é digno de fazê-lo se antes não se tiver reconciliado com os irmãos. Uma coisa é evidente: os evangelistas não afirmam em momento algum que Jesus tenha participado pessoalmente de qualquer sacrifício.
O Templo é era para Jesus, antes de tudo uma "casa de oração".
De qualquer modo, nem os ritos do Templo, nem orações comunitárias podem substituir a relação direta ou o diálogo íntimo e secreto com o Pai.
Deus não tem necessidade alguma de "tributos" de uma devoção formal e não quer uma religiosidade presa ao hábito ou à etiqueta social. Ao contrário, Jesus nos põe de sobreaviso: "Quando orardes, não sejais como os falsos devotos que gostam de orar nas sinagogas e se mantém de pé nas estradas para serem vistos pelas pessoas... Tu, porém, quando quiser orar, entra em teu quarto mais íntimo de tua casa, tranca a porta, e ali ore a teu Pai que está esta presente secretamente ao seu lado, e o Pai, que vê tudo que se faz em segredo, o recompesará. Depois quando orardes, não desperdiceis palavras, como o fazem os pagãos que acreditam que serão ouvidos à força de palavras. Não façais como eles, porque vosso Pai já sabe o que precisais."
Se o cristão pede alguma coisa a Deus, é sobretudo para confessar em sua presença tudo aquilo que lhe preenche o coração.
Jesus nos ensina a orar com palavras muito simples, com amor e confiança:
"Pai nosso, que estás nos céus.
Nós somos teus filhos e a nossa verdadeira pátria é junto a ti.
Seja santificado o teu nome.
Dá-nos ter sempre o sentido do teu mistério.
Venha o teu Reino, seja feita a tua vontade, assim na Terra como no Céu.
Nós esperamos que tu reines em tudo aquilo que criaste, para que o teu desígnio se cumpra e só tu sejas o nosso Rei e Senhor.
Dai-nos hoje o nosso pão cotidiano, mantém a nossa vida neste instante, porque já pusemos em tuas mãos o amanhã.
E perdoa as nossas dívidas, como também nos perdoamos aos nossos devedores.
A nossa dívida de filhos, que nós te pagamos tão mal, é corresponder ao teu amor: ensina-nos a nos amarmos e a nos perdoarmos uns aos outros, como tu nos amas e perdoa.
E não nos abandones na provação, mas livra-nos do mal.
Defende-nos do mal que nos assola de fora e de dentro do nosso coração.
Porque teu é o reino, o poder e a glória por todos os séculos."
Notamos que nesta oração de Jesus, não são os pedidos dos homens que vêm em primeiro lugar, mas a vontade de Deus.
Como de fato orar não significa procurar o próprio benefício, o filho sabe que pode confiar em seu pai.
Como de fato só o amor pode vencer o mal.
É certo que, no ambiente que nos cerca e no interior do próprio "eu", muitas forças se levantam contra o mandamento do amor, mas o homem pode encontrar coragem para seguir este preceito naquele que é o Amor em si, naquele Deus que se apresenta como Pai amoroso.
... Além disso, Jesus aprova o principio do amor ao próximo. "Não faça aos outros o que não gostarias que fosse feito a ti, e dá a esse ditado uma cotação nova quando afirma: " Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei também vós a eles".
Quando conhecemos o Pai, não podemos deixar de amar aos homens, criados pelo mesmo Pai.
Jesus porém é mais explicito ainda : "Tudo o que fizestes a qualquer um dos meus irmãos menores, foi a mim que o fizeste."
Em resumo Jesus não valoriza as convicções religiosas, mas a vida: "Quem serve ao próximo, serve a Deus, mesmo que não saiba ou reconheça."